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terça-feira, 3 de maio de 2016

Fatos Loukos sobre a Famosa Biblioteca de Alexandria.



O interior da antiga biblioteca de Alexandria

A Biblioteca Real de Alexandria ou Antiga Biblioteca de Alexandria foi uma das maiores bibliotecas do mundo antigo. Floresceu sob o patrocínio da dinastia ptolemaica e existiu até a Idade Média, quando supostamente foi totalmente destruída por um incêndio cujas causas são controversas.
Alexandria, às margens do Mediterrâneo, reinou quase absoluta como centro da cultura mundial entre os séculos III a.C. e IV d.C. Sua famosa biblioteca continha praticamente todo o saber da Antiguidade, em cerca de 700 mil rolos de papiro e pergaminhos. Seu lema era “adquirir um exemplar de cada manuscrito existente na face da Terra”.
Acredita-se que a biblioteca foi fundada no início do século III a.C., concebida e aberta durante o reinado do faraó Ptolemeu I Sóter ou durante o de seu filho Ptolomeu II. Plutarco (41-120 d.C.) escreveu que, durante sua visita a Alexandria em 48 a.C., Júlio César queimou acidentalmente a biblioteca quando ele incendiou seus próprios navios para frustrar a tentativa de Achillas de limitar a sua capacidade de comunicação por via marítima. De acordo com Plutarco, o incêndio se espalhou para as docas e daí à biblioteca.
No entanto, esta versão dos acontecimentos não é confirmada na contemporaneidade. Atualmente, tem sido estabelecido que a biblioteca, ou pelo menos segmentos de sua coleção, foram destruídos em várias ocasiões, antes e após o século I a.C.
Destinada como uma comemoração, homenagem e cópia da biblioteca original, a Bibliotheca Alexandrina foi inaugurada em 2002 próximo ao local da antiga biblioteca.
História
Inscrição de Tiberius Claudius Balbilus confirmando a existência da biblioteca no século I a.C., tal como afirmam as fontes clássicas
Considera-se que tenha sido fundada no início do século III a.C., durante o reinado de Ptolomeu II, após seu pai ter construído o Templo das Musas (Museum). É atribuída a Demétrio de Faleros sua organização inicial. Uma nova biblioteca foi inaugurada em 2002 próximo ao sítio da antiga.
Conta-se que um dos incêndios da histórica biblioteca foi provocado por César. Em caçada a Pompeu, o seu inimigo de Triunvirato (formado por Pompeu, Crasso e ele), César deparou-se com a cidade de Alexandria, governada na época por Ptolomeu XII, irmão de Cleópatra.
Outra teoria seria que os cristãos teriam queimado a biblioteca pois na época não aceitavam conhecimento que não tivesse sido aprovado pela igreja.
Pompeu foi decapitado por um dos tutores do jovem Ptolomeu, e sua cabeça foi entregue a César juntamente com o seu anel. Diz-se que ao ver a cabeça do inimigo César pôs-se a chorar. Apaixonando-se perdidamente por Cleópatra, César conseguiu colocá-la no poder através da força. Os tutores do jovem faraó foram mortos, mas um conseguiu escapar. Temendo que o homem pudesse fugir de navio mandou incendiar todos, inclusive os seus. O incêndio alastrou-se e atingiu uma parte da famosa biblioteca.
A instituição da antiga biblioteca de Alexandria tinha como o principal objetivo preservar e divulgar a cultura nacional. Continha livros que foram levados de Atenas. Existia também matemáticos ligados à biblioteca, como por exemplo Euclides de Alexandria. Ela se tornou um grande centro de comércio e fabricação de papiros.
De facto, existiram duas grandes Bibliotecas de Alexandria. A Biblioteca Mãe e a Filha. De início a Filha era usada apenas como complemento da primeira, mas com o incêndio acidental (por Júlio César), no século I, da Biblioteca Mãe, a Filha ganhou uma nova importância. Vinham sábios de todo o mundo para Alexandria e debatiam os mais variados temas. Em 272 d.C., durante a guerra entre o imperador Aureliano e a rainha Zenóbia, a Biblioteca Filha foi provavelmente destruída, quando as legiões de Aureliano tomaram a cidade de assalto.
A lista dos grandes pensadores que frequentaram a biblioteca e o museu de Alexandria inclui nomes de grandes gênios do passado. Importantes obras sobre geometria, trigonometria e astronomia, bem como sobre idiomas, literatura e medicina, são creditados a eruditos de Alexandria. Segundo a tradição, foi ali que 72 eruditos judeus traduziram as Escrituras Hebraicas para o grego, produzindo assim a famosa Septuaginta.
Os grandes nomes da Alexandria antiga
Fragmento da Septuaginta, traduzida do hebraico para o grego koiné, entre os séculos III e I a.C. em Alexandria
  • Euclides: matemático do século IV a.C.. O pai da geometria e o pioneiro no estudo da óptica. Sua obra Os Elementos foi usada como padrão da geometria até ao século XIX.
  • Aristarco de Samos: astrônomo do século III a.C. O primeiro a presumir que os planetas giram em torno do Sol. Usou a trigonometria na tentativa de calcular a distância do Sol e da Lua, e o tamanho deles.
  • Arquimedes: matemático e inventor do século III a.C. Realizou diversas descobertas e fez os primeiros esforços científicos para determinar o valor do pi (π).
  • Calímaco (ca. 305–ca 240 a.C.): poeta e bibliotecário grego, compilou o primeiro catálogo da Biblioteca de Alexandria, um marco na história do controle bibliográfico, o que possibilitou a criação da relação oficial (cânon) da literatura grega clássica. Seu catálogo ocupava 120 rolos de papiro.
  • Eratóstenes: polímata (conhecedor de muitas ciências) e um dos primeiros bibliotecários de Alexandria, do século III a.C. Calculou a circunferência da Terra com razoável exatidão.
  • Galeno: médico do século II d.C. Seus 15 livros sobre a ciência da medicina tornaram-se padrão por mais de 12 séculos.
  • Hipátia: astrônoma, matemática e filósofa do século IV d.C. Uma das maiores matemáticas, diretora da Biblioteca de Alexandria; por ser pagã, foi assassinada durante um motim de cristãos.
  • Herófilo: médico, considerado o fundador do método científico, o primeiro a sugerir que a inteligência e as emoções faziam parte do cérebro e não do coração.
  • Ptolomeu: astrônomo do século II d.C. Os escritos geográficos e astronômicos eram aceitos como padrão.
Destruição da biblioteca
A destruição da biblioteca é um evento que divide os historiadores, pelo menos desde o século XVIII. A versão mais popular, pelo menos entre o grande público, é a de que a biblioteca foi destruída por ordem de Amr ibn al-As, governador provincial do Egito em nome do califa Rashidun Omar ibn al-Khattab, pouco depois da conquista do Egito comandada por Amr em 642, mas desde o século XVIII que diversos estudiosos questionam a veracidade dessa versão da história.
A nova biblioteca
O edifício da atual biblioteca de Alexandria
        A Nova Biblioteca de Alexandria, além do salão principal, é composta de mais quatro bibliotecas especializadas, laboratórios, um planetário, um museu de ciências e um de caligrafia e uma sala de congresso e de exposições. A instituição pretende ser um dos centros de conhecimento mais importantes do mundo assim como sua antecessora. Assim, foi dada prioridade à criação de uma biblioteca cibernética. No local estão ainda guardados dez mil livros raros, cem mil manuscritos, 300 mil títulos de publicações periódicas, 200 mil cassetes áudio e 50 mil vídeos[4] .
No total podem trabalhar na Biblioteca de Alexandria cerca de 3 500 investigadores, que têm ao dispor 200 salas de estudo. O projecto da biblioteca é da autoria de uma firma de arquitetos noruegueses, a Snohetta.
        A construção demorou sete anos, mas a ideia nasceu em 1974. Concluída em 2002, custou 212 milhões de dólares, boa parte dos quais pagos pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). Esse espaço abriga 4 milhões de livros, acervo bem inferior ao da Biblioteca do Congresso dos EUA (18 milhões) e da Biblioteca Nacional da França (12 milhões). No granito do frontispício da face sul, foram gravadas as letras de todos os alfabetos das civilizações antigas e modernas. Porém, mais do que o acervo e a suntuosidade, o soerguimento da nova Biblioteca enseja um extraordinário simbolismo histórico.
Segundo Stephen Greenblatt, no livro A Virada: O Nascimento do Mundo Moderno, o destino da imensa quantidade de livros em pergaminhos é muito bem exemplificado pelo fim da maior das bibliotecas do mundo antigo, localizado em Alexandria, a capital do Egito e centro comercial do Mediterrâneo oriental. Em local conhecido como Museu, quase toda a herança cultural das culturas grega, latina, babilônia, egípcia e judaica tinha sido reunida a um custo enorme e cuidadosamente arquivada para pesquisa.
        Já a partir de 300 a.C., os reis que governavam Alexandria atraíram os principais eruditos, cientistas e poetas a sua cidade oferecendo-lhes empregos vitalícios no Museu com boas remunerações, isenções fiscais, comida e alojamentos gratuitos e acesso aos recursos quase ilimitados da biblioteca. Estabeleceram padrões intelectuais elevadíssimos e possibilitaram grandes descobertas e invenções.
A biblioteca de Alexandria não estava associada a uma doutrina ou escola filosófica em particular. Seu objetivo era a busca intelectual em todos os seus aspectos. Ela representava um cosmopolitismo global, uma determinação em reunir o conhecimento acumulado de todo o mundo e de aperfeiçoar e acrescentar mais a esse conhecimento.
        Em seu apogeu, o Museu continha pelo menos meio milhão de rolos de papiro sistematicamente organizados, etiquetados e armazenados segundo um novo e engenhoso sistema que seu primeiro diretor parece ter inventado: a ordem alfabética.
As forças que destruíram essa instituição nos ajudam a entender por que o manuscrito de Lucrécio — Da Natureza –, recuperado apenas em 1417, fosse a única coisa que restava de uma escola de pensamento – o epicurismo – que tinha sido debatida intensamente em livros (papiros).
       O primeiro veio em consequência de uma guerra: parte do acervo da biblioteca – rolos que estavam em depósitos próximos do porto – foi queimada acidentalmente em 48 a.C., quando Júlio César lutava para manter o controle da cidade.
Mas havia ameaça maior que a ação militar: a intolerância religiosa. O Museu, como seu nome indica, era um templo dedicado às Musas, as nove deusas que representavam as realizações da criatividade humana. Estava repleto de estátuas de deuses e deusas, altares e outros artefatos do culto pagão.
      Os judeus e os cristãos que viviam em grandes números em Alexandria estavam incomodadíssimos com esse politeísmo. Não duvidavam que outros deuses existissem, mas achavam que esses deuses eram, sem exceção, demônios, ferrenhamente determinados a atrair a tola humanidade para longe da única e universal verdade: a sua crença. Consideravam todas as outras revelações e orações registradas naqueles milhares de rolos de papiros eram mentiras. A salvação repousava nas Escrituras.
Séculos de pluralismo religioso sob a égide do paganismo – três crenças vivendo lado a lado com espírito de tolerância sincrética – estavam chegando ao fim. No começo do século IV, o imperador romano Constantino começou o processo pelo qual o cristianismo tornou-se a religião oficial de Roma. Foi só uma questão de tempo antes que um sucessor fervoroso lançasse éditos que proibiam sacrifícios públicos e fechavam grandes locais de culto pagão. O Estado romano tinha dado início à destruição do paganismo.

      Em Alexandria, o líder espiritual da comunidade cristã seguiu os éditos ao pé da letra. Litigioso e impiedoso, açulou hordas de fanáticos cristãos que saíam pelas ruas insultando os pagãos. Expondo os símbolos secretos dos “mistérios” pagãos ao ridículo público, mandou que os objetos religiosos fossem levados em desfile pelas ruas.
Pagãos religiosos insurgiram-se irritados. Enfurecidos, atacaram os cristãos com violência e então se recolheram atrás das portas trancadas do Museu. Armada de machados e marretas, uma turba igualmente alucinada de cristãos invadiu o templo, passou por cima de seus defensores e destruiu uma famosa estátua de mármore, marfim e ouro do deus Serapeon. Pior, o líder cristão ordenou que monges se instalassem nos templos pagãos, transformando-os em igrejas!
        Alguns anos depois, Cirilo, o sobrinho sucessor do patriarca cristão, expandiu o escopo dos ataques, dirigindo sua ira religiosa dessa vez aos judeus. Exigiu a expulsão da grande população judia da cidade. O governador cristão moderado recusou e essa recusa foi apoiada pela elite intelectual pagã da cidade, cuja representante mais conhecida era a influente, lendariamente linda quando jovem, e imensamente culta Hipátia. Filha de um matemáticos, um dos famosos estudiosos residentes do Museu, havia ficado famosa por suas realizações em Astronomia, Música, Matemática e Filosofia.
As mulheres no mundo antigo muitas vezes tinham vidas reclusas, mas não ela. Na época dos primeiros ataques às imagens pagãs, ela e seus seguidores nitidamente mantiveram distantes, dizendo a si mesmos talvez que a destruição de estátuas animadas deixava intacto o que era realmente importante. Mas com a agitação contra os judeus deve ter ficado claro que as chamas do fanatismo não iriam morrer.

         O fato de Hipátia ter apoiado Orestes, governador de Alexandria, quando ele se recusou a expulsar a população judia da cidade, incitou a circulação de boatos de que seu profundo envolvimento com Astronomia, Matemática e Filosofia – tão estranho, afinal, por parte de uma mulher – era sinistro: ela devia ser uma bruxa, praticar magia negra!
Em março de 415, a multidão incitada arrancou Hipátia de sua carruagem e a levou para um templo que simbolizava a destruição do paganismo para dar lugar à “única e verdadeira fé”. Ali, depois de ter as roupas rasgadas, sua pela foi arrancada com cacos de cerâmica. A turba então arrastou seu cadáver para fora dos muros da cidade e o queimou. Seu líder “herói”, Cirilo, acabou canonizado pela Igreja Católica Apostólica Romana…
     O assassinato de Hipátia significou mais do que o fim de uma pessoa notável. Ele efetivamente marcou o declínio da vida intelectual alexandrina. Foi o sinal da morte de toda a tradição intelectual pagã da Antiguidade. Nos anos seguintes, a biblioteca de Alexandria com toda sua cultura clássica, praticamente, deixou de ser mencionada.
          No fim do século IV, os romanos tinham praticamente abandonado a leitura como atividade séria. Não foram responsáveis só os ataques dos bárbaros ou o fanatismo dos cristãos. Com a perda das âncoras culturais, o Império Romano lentamente desmoronava em uma decadência que levava a uma trivialidade vulgar. No lugar do filósofo, chamava-se o cantor, antecessor da “celebridade” de hoje…
            Quando, depois de uma longa e lenta agonia, o Império Romano ocidental finalmente ruiu – o último imperador, Rômulo Augústulo, renunciou sem alarde em 476 (exatamente 1.300 anos antes do nascimento do futuro Império Norte-americano) –, as tribos germânicas que tomaram uma província depois da outra não tinham nenhuma tradição letrada. Como os conquistadores eram em sua grande maioria cristãos, aqueles dentre eles que haviam aprendido a ler e a escrever não tinham nenhum incentivo para estudar as obras de autores pagãos clássicos como os filósofos gregos.
A destruição da biblioteca de Alexandria
"Na sexta-feira da lua nova do mês de Moharram, no vigésimo ano da Hégira (isso equivale a 22 de dezembro de 640), o general Amr Ibn al-As, o emir dos agareus, conquistava Alexandria, no Egito, colocando a cidade sob o domínio do califa Omar. Era um dos começos do fim da famosa Biblioteca de Alexandria, construída por Ptolomeu Filadelfo no início do terceiro século a.C. para reunir os livros de todos os povos da Terra e destruída mais de mil anos depois."
     A biblioteca de Alexandria provavelmente foi fundada por Ptolomeu ou por Ptolomeu II, e a cidade, como seu próprio nome diz, por Alexandre, o Grande, entre 331 e 330 a.C.
     Alexandria foi, talvez, a primeira cidade do mundo totalmente construída em pedra, sem que se utilizasse nenhuma madeira. A biblioteca compreendia dez grandes salas, e quartos separados para os leitores. Discute-se, ainda, a data de sua fundação e o nome de seu fundador, mas o verdadeiro fundador, no sentido de organizador e criador da biblioteca, e não simplesmente do rei que reinava ao tempo de seu surgimento, parece ter sido um personagem de nome Demétrios de Phalère.
 
     Desde o começo, ele agrupou setecentos mil livros e continuou aumentando sempre esse número. Os livros eram comprados a expensas do rei. Esse Demétrios de Phalère, nascido em 354 e 348 a.C., parece ter conhecido Aristóteles. Apareceu em 324 a.C. como orador público, em 317 foi eleito governador de Atenas e a governou durante dez anos, de 317 a 307 a.C.
     Impôs um certo número de leis, notadamente uma, de redução do luxo nos funerais. Em seu tempo, Atenas contava 90.000 cidadãos, 45.000 estrangeiros e 400.000 escravos. No que concerne à própria figura de Demétrios, a História o apresenta como um juiz de elegância em seu país; foi o primeiro ateniense a descolorir os cabelos, alourando-os com água oxigenada.
Demétrius de Phalère
    Depois foi banido de seu governo e partiu para Tebas. Lá escreveu um grande número de obras, uma com título estranho: Sobre o feixe de luz no céu, que é, provavelmente, a primeira obra sobre os discos voadores. Em 297 a. C., o faraó Ptolomeu persuadiu Demétrios a instalar-se em Alexandria. Fundou, então, a biblioteca.
      Ptolomeu I morreu em 283 a.C. e seu filho Ptolomeu II exilou Demétrios em Busiris, no Egito. Lá, Demétrios foi mordido por uma serpente venenosa e morreu. Tornou-se célebre no Egito como mecenas das ciências e das artes, em nome do Rei Ptolomeu I, Ptolomeu II continuou a interessar-se pela biblioteca e pelas ciências, sobretudo pela zoologia.
Nomeou como bibliotecário  Zenodotus de Éfeso, nascido em 327 a.C., e do qual ignoram as circunstâncias e data da morte. Depois disso, uma sucessão de bibliotecários, através dos séculos, aumentou a biblioteca, aí acumulando pergaminhos, papiros, gravuras e mesmo livros impressos, se formos crer em certas tradições. A biblioteca continha, portanto documentos inestimáveis. Colecionou, igualmente, documentos dos inimigos, notadamente de Roma.
Pela documentação de lá, poder-se-ia constituir uma lista bastante verossímil de todos os bibliotecários até 131 a.C.
   Depois disso, as indicações se tornam vagas. Sabe-se que um bibliotecário se opôs, violentamente, a primeira pilhagem da biblioteca por Júlio César, no ano 47 a.C., mas a História não tem o seu nome. O que é certo é que já na época de Júlio César a biblioteca de Alexandria tinha a reputação corrente de guardar livros secretos que davam poder praticamente ilimitado.
     Quando Júlio César chegou a Alexandria a biblioteca tinha pelo menos setecentos mil manuscritos. Quais? E por que se começou a temer alguns deles?
    Os documentos que sobreviveram dão-nos uma idéia precisa. Havia lá livros em grego. Evidentemente, tesouros: toda essa parte que nos falta da literatura grega clássica. Mas entre esses manuscritos não deveria aparentemente haver nada de perigoso. Ao contrário, o conjunto de obras de Bérose é que pode inquietar. Sacerdote babilônico refugiado na Grécia, Bérose nos deixou de um encontro o relato com os extraterrestres: os misteriosos Apkaluus, seres semelhantes a peixes, vivendo em escafandros e que teriam trazido aos homens os primeiros conhecimentos científicos. Bérose viveu no tempo de Alexandre, o Grande, até a época de Ptolomeu I. Foi sacerdote de Bel-Marduk na Babilônia. Era historiador, astrólogo e astrônomo. Inventou o relógio de sol semicircular.
    Fez uma teoria dos conflitos entre os raios do Sol e da Lua que antecipa os trabalhos mais modernos sobre a interferência da luz. Podemos fixar as datas de sua vida em 356 a.C., nascimento, e 261, na sua morte. Uma lenda contemporânea diz que a famosa Sybila, que profetizava, era sua filha. A História do Mundo de Bérose, que descrevia seus primeiros contatos com os extraterrestres, foi perdida. Restam alguns fragmentos, mas a totalidade desta obra estava em Alexandria. Nela estavam todos os ensinamentos dos extraterrestres.
       Encontrava-se em Alexandria, também, a obra completa de Manethon. Este sacerdote e historiador egípcio, contemporâneo de Ptolomeu I e II, conhecera todos os segredos do Egito. Seu nome mesmo pode ser interpretado como "o amado de Thot" ou "detentor da verdade de Toth". Era o homem que sabia tudo sobre o Egito, lia os hieróglifos, tinha contato com os últimos sacerdotes egípcios. Teria ele mesmo escrito oito livros, e reuniu quarenta rolos de pergaminho, em Alexandria, que continham todos os segredos egípcios e provavelmente o Livro de Toth. Se tal coleção tivesse sido conservada, saberíamos, quem sabe, tudo o que seria preciso saber sobre os segredos do Egito. Foi exatamente isto que se quis impedir. A biblioteca de Alexandria continha obras de um historiador fenício, Mochus, ao qual se atribui a invenção da teoria atômica.

Ela continha, ainda, manuscritos indianos extraordinariamente raros e preciosos. De todos esses manuscritos não resta nenhum traço. Conhecemos o número total dos rolos quando a destruição começou: quinhentos e trinta e dois mil e oitocentos. Sabemos que existiu uma seção que se poderia batizar de "Ciências Matemáticas " e outra de "Ciências Naturais". Um catálogo geral igualmente existia. Também este foi destruído. Foi César quem inaugurou estas destruições. Levou um certo número de livros, queimou uma parte e gradou o resto. Uma incerteza persiste ainda em nossos dias sobre esse episódio, e 2.000 anos depois da sua morte, Julio César tem ainda partidários e adversários. Seus partidários dizem que ele jamais queimou livros na própria biblioteca; aliás, um certo número de livros prontos a serem embarcados para Roma, foi queimado num dos depósitos do cais do porto de Alexandria, mas não foram os romanos que lhe atearam fogo
Ao contrário, certos adversários de César dizem que grande número de livros foi deliberadamente destruído. A estimativa do total varia de 40.000 a 70.000. Uma tese intermediária afirma que as chamas provenientes de um bairro onde se lutava, ganharam a biblioteca e a destruíram acidentalmente. Parece certo, em todo caso, que tal destruição não foi total. Os adversários e os partidários de César não dão referência precisa, os contemporâneos nada dizem e os escritos mais próximos do acontecimento lhe são posteriores de dois séculos. César mesmo, em suas obras, nada disse.
Parece mesmo que ele se "apoderou" de certos livros que lhe pareciam especialmente interessantes. A maior parte dos especialistas em história egípcia pensa que o edifício da biblioteca deveria ser de grandes dimensões para conter setecentos mil volumes, salas de trabalho, gabinetes particulares, e que um monumento de tal importância não pode ser totalmente destruído por um principio de incêndio. É possível que o incêndio tenha consumido estoques de trigo, assim como rolos de papiro virgem. Não é certo que tenha desvastado grande parte da livraria, não é certo que ela tenha sido totalmente aniquilada. É certo, porém, que uma quantidade de livros considerados particularmente perigosos, desapareceu. A ofensiva seguinte, a mais séria contra a livraria, parece ter sido feita pela Imperatriz Zenóbia. Ainda desta vez a destruição não foi total, mas livros importantes desapareceram. Conhecemos a razão da ofensiva que lançou depois dela o Imperador Diocleciano (284-305 d.C.). Documentos contemporâneos estão de acordo a este respeito.
Diocleciano quis destruir todas as obras que davam os segredos de fabricação do ouro e da prata. Isto é, todas as obras de alquimia. Pois ele pensava que se os egípcios pudessem fabricar à vontade o ouro e a prata, obteriam assim meios para levantar um exército e combater o império. Diocleciano, mesmo filho de escravos, foi proclamado imperador em 17 de setembro de 284.
Era ao que tudo indica perseguidor nato e o último decreto que assinou antes de sua abdicação em maio de 305, ordenava a destruição do cristianismo. Diocleciano foi de encontro a uma poderosa revolta do Egito e começou em julho de 295 o cerco a Alexandria. Tomou a cidade e nessa ocasião houve massacres inomináveis. Entretanto, segundo a lenda, o cavalo de Diocleciano deu um passo em falso ao entrar na cidade conquistada, e Diocleciano interpretou tal acontecimento como mensagem dos deuses que lhe mandavam poupar a cidade. A tomada de Alexandria foi seguida de pilhagens sucessivas que visavam acabar com os manuscritos de alquimia.
E todos os manuscritos encontrados foram destruídos. Eles continham, ao que parece, as chaves essenciais da alquimia que nos faltam para compreensão dessa ciência, principalmente agora que sabemos que as transmutações metálicas são possíveis. Não possuímos lista dos manuscritos destruídos, mas a lenda conta que alguns dentre eles eram obras de Pitágoras, de Salomão ou do próprio Hermes. É evidente que isto deve ser tomado com relativa confiança. Seja como for, documentos indispensáveis davam a chave da alquimia e estão perdidos para sempre: mas a biblioteca continuou. Apesar de todas as destruições sistemáticas que sofreu, ela continuou sua obra até que os árabes a destruíssem completamente. E se os árabes o fizeram, sabiam por que o faziam. Já haviam destruído no próprio Islã - como na Pérsia - grande número de livros secretos de magia, de alquimia e de astrologia.
A palavra de ordem dos conquistadores era "não há necessidade de outros livros, senão o Livro", isto é, o Alcorão. Assim, a destruição de 646 d.C. visava não propriamente os livros malditos, mas todos os livros. O historiador muçulmano Abd al-Latif (1160-1231) escreveu: "A biblioteca de Alexandria foi aniquilada pelas chamas por Amr ibn-el-As, agindo sob as ordens de Omar, o vencedor".
Esse Omar se opunha, aliás, a que se escrevessem livros muçulmanos, seguindo sempre o princípio: "o livro de Deus é-nos suficiente". Era um muçulmano recém-convertido, fanático, odiava os livros e destruiu-os muitas vezes porque não falavam do profeta. É natural que terminasse a obra começada por Julio César, continuada por Diocleciano e outros. Se documentos sobreviveram a esses autos-de-fé, foram cuidadosamente guardados desde 646 d.C. e não mais reapareceram.

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